
Dois tipos de análogos do medicamento devem ser repostos em até dez dias, em Joinville.
Rosana Rosar
Dois análogos de insulina (forma alterada da insulina natural) estão em falta na rede pública de saúde de Joinville. Distribuídos mensalmente na Farmácia Escola, no bairro Bucarein, para cerca de 200 usuários, os medicamentos devem ser repostos em até dez dias. O detemir, de ação lenta, já deve estar disponível hoje. Para o lispro, de ação rápida, o prazo é mais longo, mesmo com a dispensa de licitação. Outros sete medicamentos (para dor, analgésicos e um anti-hipertensivo) em falta serão repostos em 15 dias.
Gisela Müller/ND
Preços nas farmácias variam entre R$ 35 e R$ 198, dificultando o acesso dos diabéticos que necessitam do medicamento
De acordo com a coordenadora da Central de Abastecimento Farmacêutico da Secretaria Municipal de Saúde, Janaína Pravato Vicente Banin, o análogo de insulina lispro está em falta desde o início de março e o detemir desde a semana passada. “A grande maioria dos pacientes ainda tem estoque em casa porque a Farmácia Escola sempre faz a compra do que o médico prescreve para mais, nunca para menos”, informa. Ainda segundo Janaína, esses e outros medicamentos estão fora das prateleiras do SUS (Sistema Único de Saúde) em Joinville por problemas nas licitações.
“Esses itens estão em falta ou porque as empresas não participaram das licitações ou mandaram com valores superiores aos permitidos pelo mercado. Estamos fazendo as dispensas de licitação que vão resolver os problemas em 15 dias e fazer um pregão eletrônico para 12 meses”, detalha. A proposta é de que o pregão seja finalizado pela Secretaria de Administração em até três meses. No caso dos análogos de insulina, enquanto o abastecimento não se normaliza, a recomendação de Janaína é para que os diabéticos agendem novas consultas nos postos de saúde e tentem, em conversa com o médico, alterar provisoriamente o tipo de medicação utilizada.
Interrupção da medicação é perigosa
A interrupção do uso dos análogos de insulina, segundo o diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes, o médico endocrinologista Luiz Antônio de Araújo, pode trazer uma série de danos aos diabéticos. Tanto no caso dos medicamentos de ação lenta (detemir) quanto nos de ação rápida (lispro), o desequilíbrio do nível de glicemia no organismo pode trazer danos, mesmo em curto prazo. “Os pacientes mais estáveis reagem melhor e demoram mais a sentir essa falta, mas os que não são estáveis podem ter a descompensação do diabetes em um ou dois dias e com isso podem entrar em coma”, detalha. Em médio ou longo prazo, a interrupção do tratamento pode provocar cegueira, infarto ou derrame. Uma possível troca de medicação, segundo Araújo, só pode ser feita com orientação médica. “Os pacientes precisam entrar em contato com seu médico para saber se podem trocar de insulina ou não. Quem usa a de ação rápida não pode trocar para uma de ação lenta, por exemplo”, orienta.
Fonte: Notícias do Dia